por Julian Nunes(*)
Tempo é dinheiro?
Essa é uma expressão muito utilizada e tem um certo sentido, já que, normalmente, o valor do nosso trabalho pode ser baseado no tempo que dedicamos a ele. São nossas horas de trabalho no momento de calcular a planilha de orçamento.
Existem muitos pontos a levar em consideração e não vou entrar no mérito da validade dessa expressão ainda hoje, afinal, até o conceito de “dinheiro” mudou muito em nossa época.
Mas, concordando ou não, o dinheiro tem um papel fundamental no mundo. Sem ele, as empresas teriam sérios problemas, a economia colapsaria e muitas pessoas sofreriam.
Então, em momentos de crise, a geração desse dinheiro pode ser muito afetada. Por sorte, essa não é nossa única moeda de troca para a realização de negócios.
Milhares de anos atrás, muito antes da introdução da moeda em si, as pessoas dependiam da troca para sobreviver. Na época, se você tinha gado, mas precisava de novas roupas, com certeza haveria um alfaiate na cidade próxima que precisaria de carne ou leite, os dois então negociam os suprimentos e acontece a troca.
E mesmo tanto tempo depois, ainda que feito de maneira pontual, esse escambo, ou comércio de permuta, pode ser um método viável de fazer negócios.
O que é escambo?
De acordo com o dicionário Oxford, a definição de escambo é: “troca de mercadorias ou serviços sem fazer uso de moeda”.
Você mesmo já deve ter feito algumas vezes, sendo muito comum entre produtos, como nos classificados onde alguém está vendendo um carro mas aceita uma moto na troca.
Isso acontece quando a necessidade bate na porta dos dois lados, sendo que um precisa de um veículo para levar a família e o outro precisa economizar combustível, por exemplo.
A ideia da permuta é permitir que você troque alguma coisa, como serviços de criação, por algo que você acredita que tenha valor e utilidade pra você.
O poder da troca
Talvez, o caso mais emblemático em questão de trocas é o do Kyle MacDonald, que na época, era um entregador de pizza em Montreal e teve a ideia de iniciar uma sequência de trocas, sem envolver dinheiro.
Ele começou com um clipe de papel vermelho em 2005 e em um ano, depois de cerca de 14 permutas diferentes, chegou a uma casa, além de outros mimos da cidade.
Se achou a história curiosa, confira abaixo a palestra dele no TED (ative a legenda, se necessário):
A permuta nos serviços de criação
A história do Kyle é bem divertida e mostra a clara diferença entre preço e valor, algo que precisamos ter sempre em mente em nossos serviços também.
Mas então, como esse tipo de negociação pode ser interessante? Simples, troque seu tempo e habilidades por produtos e serviços que precisa. E minha dica nesse caso é dar preferência para o comércio e serviços locais, pois são eles que poderemos contar com mais facilidade, além de ajudar, de algum modo, o desenvolvimento da região.
Quando comecei a desenvolver sites, estava com poucos equipamentos, e surgiu a oportunidade de criar a página para um evento que tinha como um dos patrocinadores uma loja de eletrônicos da minha cidade na época. O valor que os organizadores do evento dispunham para a criação do site era um pouco abaixo do que eu tinha solicitado, então, sabendo do patrocinador, propus a troca por um nobreak e uma televisão.
Eram acessórios que já estariam disponíveis para uso no próprio evento, então o valor deles para uma venda posterior já estaria depreciado, e mesmo assim, como o evento durava alguns dias, os produtos estariam como novos. Sendo assim, foi uma troca em que os dois lados saíram ganhando.
Já fiz outras trocas por produtos do meu interesse depois, mas claro que não podemos viver assim com todos os serviços, afinal, boletos não são pagos com permuta.
Preço versus Valor percebido
Se você já pesquisou sobre os 4P do marketing (produto, preço, praça e promoção), sabe que essa técnica ajuda a formular uma proposta de valor.
A proposta de valor é simplesmente a maneira como você pretende produzir e entregar produtos interessantes e significativos para seus clientes. Ou seja, algo já agregou valor ao consumidor.
O valor percebido envolve a relação entre os benefícios e custos percebidos do cliente. O preço é um desses custos e o calculamos com base em valores tangíveis (como custos de produção, tempo, desgaste de equipamentos, etc).
O valor percebido está relacionado ao que chamamos de “custo-benefício”, seja ele subjetivo ou não. E isso é uma grande vantagem quando falamos de permuta, porque nesse tipo de negociação, tratamos muito mais com o valor percebido do que com o preço simplesmente, já que ambas as partes envolvidas acreditam que o valor dos bens ou serviços que recebem é maior do que o valor que fornecem.
Em um projeto, é natural que você passe horas criando-o na frente de um computador, mas para outros, a ideia de fazer isso pode parecer proibitiva e além de suas capacidades. O mesmo acontece com você: seus clientes podem ter habilidades ou produtos que você não pode produzir sozinho. Portanto, para você, existe um valor que compense as horas na frente do computador.
Ideias de permuta
As ideias são diversas e mudam muito conforme a sua área de atuação e a necessidade que precisa ser atendida, mas vamos para algumas:
- Identidade visual de uma loja por equipamentos para seu hobby preferido.
- Desenvolvimento de sites de uma escola em troca de cursos.
- Fotografia de produto em troca dos próprios produtos.
- Layout criativo para currículo em troca de aulas de Excel para ajudar com suas planilhas de cliente.
- Vídeo institucional de uma loja em troca de produtos do seu interesse.
- Artes para redes sociais de uma academia em troca da mensalidade ou personal training.
Troca entre profissionais de áreas criativas também é uma boa, já que temos especialidades diferentes, como identidade visual em troca de um site, entre tantas opções.
As possibilidades disponíveis por meio da troca são ilimitadas. Por que você não tenta?
Você já fez permuta de serviços?
Sei bem que esse é um tema polêmico e eu adoraria saber sua opinião e, se concorda, como você pode trocar seus serviços de design.
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Até a próxima!
Obs.:As divertidas ilustrações desse artigo são do Pedro Fernandes, disponíveis no Envato Elements.
(*) Designer e professor nas áreas de computação e editoração gráfica e também apaixonado por cinema, animação, motion e flertando com fotografia.
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